Novembro é oficialmente o mês da consciência negra: um tema que, na verdade, deve ser trabalhado o ano inteiro em sala de aula. O nosso país conta com uma grande diversidade cultural e cerca de 52% da população é negra (incluindo pessoas autodeclaradas pretas e as autodeclaradas pardas). Mas, infelizmente, temos uma triste história de escravidão e uma realidade de racismo e desigualdade social que, ainda encontram uma grande resistência em serem reconhecidas. Algumas conquistas já foram alcançadas, como a inclusão do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira no currículo da educação básica, conforme citado na Lei Federal 10.639/03. Mesmo assim, abordar a temática ainda pode ser um desafio para os professores.

- Desde muito cedo, crianças e adolescentes já têm contato com diversas formas de preconceito e discriminação em seu dia a dia. Por isso, é importante que a prática de abordar a tolerância e o respeito à diversidade seja uma tarefa contínua. O ideal é que a questão não seja tratada apenas como uma temática específica, isolada, mas sim que seja incorporada em práticas diárias, como brincadeiras, leitura e música, e de forma interdisciplinar, inserida no conteúdo das diversas disciplinas, do ensino fundamental ao ensino médio.

- É importante que o próprio professor, enquanto figura de exemplo para os alunos, reavalie suas práticas, refletindo sobre valores e conceitos que ele traz introjetados sobre o povo negro e sua cultura, repensando suas ações cotidianas. Além disso, temos que considerar a realidade dos alunos e estimulá-los a fazer uma análise crítica dessa realidade, a fim de conhecê-la melhor, e comprometendo-se com sua transformação.

- Outro ponto prático importante para começarmos a trabalhar está na expressão verbal utilizada em sala de aula, pois a linguagem tem influência direta nas questões raciais. Evite eufemismos e expressões que podem reforçar estereótipos negativos. Ao se referir a pessoas negras, não use termos como “morena”, “mulata” ou “de cor”. Descreva a pessoa como ela é: negra. A negritude abrange uma gama ampla de tonalidades e traços – e não é ofensa chamar alguém de negro(a).

- Outra dica é estimular o debate, sempre que possível: estimule os alunos a pensar e discutir sobre os motivos do preconceito contra negros, considerando buscar respostas no processo histórico brasileiro ou na idéia equivocada da existência de uma raça pura ou superior.

- Busque mostrar que a cultura negra e africana é tão rica e importante como qualquer outra. Busque abordar a história da África e pesquise sobre artistas, cientistas e autores de literatura negra e africana (como, por exemplo, Mia Couto, Pepetela, Ondjaki, Nadine Gordimer e Naguia Mahfouz). Outra possibilidade interessante é mostrar para os alunos as influências africanas em nossa cultura, como na própria Língua Portuguesa falada no Brasil.

- Para implementar todas essas discussões, reflexões e mudanças, é importante, é claro, que o professor não esteja sozinho, mas que toda a comunidade escolar esteja envolvida. Leve o assunto para as discussões de reuniões pedagógicas, grupos de estudo e momentos de formação. É fundamental que as mudanças na forma de ensinar a história e a cultura afro-brasileira partam do engajamento de todos os membros da comunidade escolar, que deve estar preocupada em construir uma política educacional igualitária e uma sociedade em que a democracia racial, de fato, se torne uma realidade.

Referências:
http://acervo.novaescola.org.br/consciencia-negra/africa-brasil/
http://www.acaoeducativa.org.br/relacoesraciais/wp-content/uploads/2013/12/Guia_Metodol%C3%B3gico.pdf
http://www.uff.br/penesb/images/publicacoes/LIVRO%20PENESB%2012.pdf
http://educacao.uol.com.br/planos-de-aula/fundamental/historia-do-brasil-consciencia-negra.htm
http://acervo.novaescola.org.br/fundamental-2/palavra-de-especialista-explica-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-749774.shtml
__________
Fonte: blog.educacao.mg.gov.br
Imagem: freepik.com

 

 

SRE - Metropolitana B
Av. Amazonas, 5855 - Bloco A
Gameleira - BH / MG - 30510-000