Quem conhece a Fundação Helena Antipoff (FHA), em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, logo percebe que o objetivo principal da fundadora da instituição foi alcançado: transformar o espaço em um modelo pedagógico, a serviço da educação básica, integrando teoria e prática no desenvolvimento do conhecimento. A instituição, que hoje é Polo de Educação Integral e Integrada, é uma das maiores referências dessa modalidade no estado e traz uma nova perspectiva para a convivência democrática de estudantes e instituições de ensino públicas.

Para atender o aumento da demanda e oferecer a Educação Integral e Integrada para alunos de escolas que não possuem estrutura adequada para receber a modalidade, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) iniciou, em 2015, parceria com outros espaços educativos e já implantou 14 Polos de Educação Integral, a fim de ampliar e diversificar as atividades da Educação Integral e Integrada em Minas Gerais. Outros 6 Polos estão em fase de  implementação no Estado.           

Além da FHA, são Polos de Educação Integral e Integrada o Plug Minas, em Belo Horizonte; as seis unidades da Fundação Caio Martins (Fucam), localizadas nos municípios de Esmeraldas, Januária, Riachinho, São Francisco, Juvenília e Buritizeiro; duas unidades da Associação das Obras Pavonianas de Assistência (Aopa), em Belo Horizonte e Pouso Alegre; o Centro de Aprendizagem Pro Menor (Capp), em Passos; o Centro Educacional da Infância e Adolescência  (Ceia), em Pavão; a Uai Brasil, em Teófilo Otoni; o Centro Social Achilles Diniz Couto (Cesadic), em Curvelo; e o Polo de Mariana, em Mariana.

Entre 2015 e 2017, houve um aumento de cerca de 50% no número de estudantes atendidos pelas ações de Educação Integral e Integrada na rede estadual de Minas Gerais, que passou de 102 mil para 150 mil alunos. Em 2018, a previsão é atender 300 mil estudantes, com base na meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que estipula que 25% das matrículas da rede pública devem ser feitas em turmas de educação integral.

Ao todo, são atendidos na FHA em torno de 1.400 alunos da rede pública de Ibiríté. As oficinas e atividades realizadas buscam a formação do aluno em diversas áreas, como esporte, cultura, lazer e informática através da ampliação da jornada escolar, onde os alunos ficam um turno em suas escolas e o outro na Fundação.

Na visão da coordenadora Geral de Educação Integral e Integrada da SEE, Rogéria Freire, a FHA compreende a política de Educação Integral e Integrada, ao romper os muros das escolas e considerar os territórios da cidade como potenciais espaços educativos. “A Fundação compreendeu perfeitamente a nossa política de educação integral e trabalha na perspectiva de criar um território educativo, que vai além da educação, articulando com a assistência social, saúde, educação no trânsito, por exemplo, e com a comunidade. Hoje somos mais que parceiros, trabalhamos em conjunto para potencializar as ações de educação integral, oferecer um ensino de qualidade aos estudantes e na formação de professores”, comenta Rogéria.
 
Atividades diversificadas
As ações de Educação Integral e Integrada buscam implementar formação em diversas áreas, como esporte, artes plásticas, dança, música, teatro, informática, que complementem o conhecimento tradicional acessado pelo estudantes, por meio da ampliação da jornada escolar. Todas as atividades têm acompanhamento pedagógico, perpassando por todos os espaços da FHA, como jardins, hortas, quadras, piscinas e laboratórios, diversificando a rotina dos alunos e criando novas possibilidades para o aprendizado.

Os alunos da rede pública que participam do Polo da FHA, também participam da construção do processo educativo, através de assembleias gerais ou rodas de conversas. Dentre elas, estão atividades voltadas para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos, como arte, cultura, teatro e dança. “O Polo oferece várias atividades e oficinas que preparam os alunos para a vida, seja no âmbito ambiental, social e cultural, integrando a comunidade e as famílias. Este trabalho faz com que os alunos desenvolvam uma autonomia, participando ativamente da escolha dos macrocampos”, afirma Selma Andrade, uma das coordenadoras da Educação Integral e Integrada na FHA.

Sucesso entre os participantes, a oficina de rádio contribui para o processo educativo e incentiva o protagonismo das crianças e jovens. “A oficina de rádio vai muito além da produção de programas e edição de áudio, temos muitos exemplos de alunos que melhoraram as suas funções cognitivas, de fala e de aprendizado. Fazemos um trabalho conjunto com profissionais de fonoaudiologia e da psicologia, para melhorar a fala e a leitura, sempre com acompanhamento pedagógico”, comenta o oficineiro Jefferson Perdigão.  

Outras ações desenvolvidas são as oficinas para ensinar aos alunos do Ensino Médio atividades profissionalizantes, como jardinagem, confeitaria, carpintaria e cidadania e meio ambiente. A meta é aprimorar e ampliar esse trabalho usando sempre a experiência do aluno como principal indicador.

Como parte também do programa de integração pedagógica, a FHA iniciou, em outubro, um projeto com as famílias dos alunos atendidos na Educação Integral e Integrada. Cerca de dez pais estão fazendo, na unidade, um curso de informática, com duração de três meses, para receber qualificação profissional e para geração de emprego e renda. Segundo o diretor de Educação Básica da Fundação Helena Antipoff, Wanderson Cleres, o programa será expandido e aplicado em outras áreas, como na horta da unidade.
 
Horta pedagógica
Entre os diversos espaços voltados para a educação, a Fundação Helena Antipoff mantém uma horta, com aproximadamente 3 mil metros quadrados. O objetivo principal do espaço é atender o consumo interno da Fundação, na refeição dos estudantes e funcionários, e também como ambiente pedagógico, para que os alunos conheçam mais sobre as hortaliças e possam desenvolver ações de educação ambiental. Dentre as hortaliças cultivadas estão: alface, couve, brócolis, almeirão, salsa, cebolinha, abóbora, repolho, rúcula, mostarda, rabanete, quiabo, pimenta biquinho, palmito pupunha, açaí, chuchu, etc.

Além de atividades diversificadas, uma das maiores preocupações dentro da Educação Integral e Integrada é oferecer aos estudantes uma alimentação mais adequada. Segundo Rogéria Freire, a alimentação adequada é um ponto fundamental no desenvolvimento de uma educação integral de qualidade. “Quando pensamos na ampliação do tempo na escola, temos que pensar numa alimentação adequada para os estudantes e funcionários”, relata.

A técnica do departamento Agrícola e de Conservação Ambiental da instituição, Patrícia Carla, afirma que o espaço é extremamente importante para demonstrar aos estudantes maneiras mais saudável de se alimentar. “Os alunos participam do plantio e da colheita das hortaliças e depois demonstramos outras formas de consumo, como a produção de sucos de beterraba, alface ou de azedinha, por exemplo, apresentando a importância e o valor nutricional de cada uma”, comenta.

Trabalhar a educação básica e compreender ações educacionais que conduzam à formação do cidadão é uma das principais missões da professora e pesquisadora Helena Antipoff, que utilizava todos os espaços da antiga fazenda como ambiente pedagógico. Ela sugere em sua experiência social, empregar nas atividades práticas serviços na horta, jardim e o pomar, para desenvolver nos alunos o espírito de iniciativa, cooperação e o da convivência democrática.

No espaço os alunos podem conhecer e identificar várias plantas e saber mais sobre o uso delas em chás, remédios, temperos e na alimentação. “Hoje empregamos aqui esse pensamento da Helena Antipoff, onde professores de biologia, geografia, português e matemática, utilizam o espaço para ensinar. Como estudar o formato dos canteiros, que auxilia na geometria, ou no desenvolvimento de um texto relatando as atividades, para a criação de uma redação, por exemplo”, explica a técnico-agrícola Patrícia.

Helena Antipoff
A Fundação leva o nome da psicóloga e pedagoga russa Helena Antipoff, que chegou ao Brasil na década de 30, a convite do governo do estado de Minas Gerais, para participar da reestruturação do ensino, sendo pioneira na introdução da educação especial no país. Ao resolver permanecer no estado, encontrou a fazenda onde criou a escola de formação de professores, em 1955, onde hoje funciona a Fundação.

Além do atendimento ao programa de Educação Integral e Integrada, o espaço abriga a Escola Estadual Sandoval Soares de Azevedo, que atende cerca de 2.650 alunos; uma unidade da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), com mais de 1.100 alunos em cinco cursos de licenciatura; uma unidade da Universidade Aberta Integrada (Uaitec); a Clínica de Psicologia Edouard Claparède; as Oficinas Pedagógicas Caio Martins; e a Biblioteca Comunitária Helena Antipoff.

Cursos técnicos
Em agosto de 2017, a Fundação Helena Antipoff passou a ofertar cursos da Rede Estadual de Educação Profissional (REDE), para jovens estudantes do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em parceria com a SEE e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes). Inicialmente, 350 alunos estão cursando Administração, Recursos humanos e Técnico em Informática.

Ainda no mês de outubro, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a FHA irá oferecer 200 vagas em cursos profissionalizantes pelo programa Mediotec/Pronatec, do Ministério de Eletroeletrônica, Administração, Segurança do Trabalho. Na próxima semana serão divulgadas informações sobre o processo seletivo, para que os alunos do Ensino Médio das 8 escolas estaduais atendidas pelo Polo possam participar.

Por Eric Abreu (ACS/SEE-MG)
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Fonte: educacao.mg.gov.br
Foto: Eric Abreu (ACS/SEE-MG)

 

 

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