Escola Estadual Padre José Maria de Man adotou o modelo durante a pandemia; diretor da instituição vê mudança com bons olhos

O ensino público no Brasil tem passado por transformações, e apesar das dificuldades enfrentadas, não faltam esforços para que o as instituições de ensino sejam melhoradas em todos os aspectos que lhes competem. Um exemplo disso é o Programa das Escolas Cívico-Militares, que é uma iniciativa do Ministério da Educação, através de uma parceria com o Ministério da Defesa, e se baseia no conceito de gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa, tendo o corpo docente administrando a instituição de ensino, com o apoio dos militares. A expectativa é que até o próximo ano tenham sido implantadas 216 escolas em todo o Brasil.

O principal objetivo deste programa é melhorar a qualidade do ensino nas escolas públicas, além da disciplina dos estudantes, tendo como base o bom nível dos colégios militares do Exército, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militares. Participam do programa os militares da reserva das Forças Armadas, podendo também haver a participação de policiais e bombeiros se assim for designado pelos governos estaduais e do Distrito Federal. Além disso, o trabalho didático-pedagógico é mantido por civis, enquanto os militares atuam como disciplinários nas instituições de ensino.

Sendo assim, visitamos a Escola Estadual Padre José Maria de Man, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para conhecer essa realidade mais de perto. A Escola Padre de Man já aplica o modelo Cívico-Militar desde março de 2021, mas ainda está em processo de certificação. O diretor da instituição, Hernán Salazar, reforça que os militares estão para somar junto à escola e não tomar a autoridade dos professores, reforçando que eles não podem adentrar nas salas de aulas sem a autorização de um professor. Além disso, os militares também participam do “Projeto Valores” que aborda a importância do respeito à pátria, pela bandeira, pelas autoridades, pelo cidadão e a conscientização de combater o preconceito racial e de orientação sexual. Dessa forma, os alunos recebem orientação por parte dos militares sobre esses temas. Outra incumbência desses profissionais está na organização de palestras, onde são convidadas pessoas que discursam sobre temas pertinentes para a formação cidadã.

Salazar ressalta também, que um diferencial da Escola Cívico-Militar para uma Escola Estadual comum está na equipe pedagógica. O modelo Cívico-Militar conta com uma pedagoga para cada ano escolar, podendo garantir um atendimento mais personalizado aos alunos.

Na questão comportamental, depois de um ano o diretor conta que já notou uma mudança comportamental nos alunos: “Nós já tivemos casos de violência contra o professor, uso excessivo de drogas, soltaram bombas em nossas dependências e agora tudo isso acabou. Nosso número de alunos subiu muito e agora contamos com quase 800 estudantes. O educador conta que a mudança comportamental também se percebe nos pequenos gestos: “Hoje nós tocamos o hino nacional, os alunos fazem formação de fila organizadamente após os intervalos e os professores também têm nos ajudado muito”.

Já no âmbito do rendimento acadêmico também houve uma mudança, de acordo com Salazar: “Pela primeira vez nós conseguimos fazer uma avaliação diagnóstica com mais de 80% de presença. Antes os alunos não estavam motivados e hoje eles possuem iniciativa. ”

Por fim, o diretor acredita que o modelo Cívico-Militar deveria ser adotado pelo maior número possível de escolas públicas no Brasil, pois o modelo preza pela excelência do ensino e pela qualidade do aprendizado, o que poderá elevar a qualidade do ensino público no país.

O Capitão Alberto Craizer, aposentado do Exército Brasileiro, revela que a experiência atual é uma novidade, mas que possui experiência em trabalhar com alunos. Ele serviu por 11 anos no Colégio Militar de Belo Horizonte, sendo monitor do Centro Preparação de Oficiais da Reserva: “É um desafio trabalhar com alunos civis, pois as regras são diferentes de um colégio militar. É um processo bastante criterioso para trabalhar como gestor educacional e é um voluntariado. Nós estamos bastante comprometidos e motivados. Gosto de trabalhar com jovens pois estou sempre aprendendo e tendo a oportunidade de transmitir valores”.

Além da Escola Estadual Padre José Maria de Man, também há outras escolas sob jurisdição da Superintendência Regional de Ensino Metropolitana B funcionando sob o modelo Cívico-Militar, sendo elas: Escola Estadual dos Palmares e a Escola Estadual Princesa Isabel. A Escola Estadual Lígia de Magalhães adotará o modelo a partir de 2023. Para uma escola ser selecionável a participar do novo modelo, ela precisa atender alguns critérios, tais como: estar presente em uma área de vulnerabilidade social, haver adesão da comunidade escolar e o IDEB.

Quem quiser conhecer mais sobre o projeto pode se informar através do seguinte link: https://escolacivicomilitar.mec.gov.br/

Por: Henrique Toscano

Fotos: Henrique Toscano

 

 

 

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